Cinema sempre foi a minha paixão e esse sentimento me levou a procurar um curso no início de 2010.
O que era para ser apenas uma brincadeira, acabou me trazendo responsabilidade. Hoje estou rumo ao quinto período de uma das melhores faculdades cariocas sobre o assunto. E o que era paixão, hoje é trabalho, estudo e coisa séria. Desenvolvi um olhar crítico e comecei a admirar outros fatores encontrados naquela tela gigante que chama a atenção de tantas pessoas e que antes, passavam desapercebidos pelos meus olhos.
Antigamente, enquanto todos odiavam o cinema brasileiro, eu era apaixonado por ele. Principalmente pelo incrível Guel Arraes, que para mim é um dos melhores diretores brasileiros da atualidade. Admito que não sabia quem era Glauber Rocha. "Nossa! Como pode um aluno de cinema não conhecer Glauber Rocha?" Era o que as pessoas pensavam e era o que eu dizia... Por vergonha e por curiosidade, fui motivado a assistir os seus filmes, a ler suas histórias, a conhecer a sua vida e aos poucos fui entendendo o que se passava em sua cabeça tão cheia de ideias e opiniões.
Domingo passado então, resolvi comprar o mais novo livro sobre Glauber, "A Primavera do Dragão - A Juventude de Glauber Rocha" de Nelson Motta e despretensiosamente fui comendo aquelas folhas tão cheias de histórias semelhantes àquelas que vivo atualmente.
O livro retrata a juventude desse homem tão envolvente e tão admirado pelos amantes de cinema. Fui aos poucos me vendo no livro, não como Glauber Rocha, e nem como seus amigos (como Bananeira, Joca, Calá e todos os integrantes das famosas Jogralescas), e sim como mais um jovem apaixonado por filmes que tanto tem idéias na cabeça, mas por vezes, falta a câmera na mão.
A questão é que hoje terminei o livro como num passe de mágicas e estou insaciável, querendo mais e mais. Estou amando Glauber Rocha e toda a sua história. Porém, antes de ler, meu conhecimento sobre essa fantástica pessoa era limitado aos seus filmes.
Sempre respeitei e admirei o seu trabalho, principalmente o mais ousado e polêmico deles - o documentário Di-Glauber, que Glauber fez em forma de homenagem ao seu amigo Di-Cavalcanti, que havia morrido.
Eu pensava (e talvez ainda pense) que mesmo tendo revolucionado toda uma indústria, baseando-se na Nouvelle Vague e nos filmes italianos, Glauber tinha feito o povo brasileiro ter uma imagem errada sobre o que é cinema. Depois de ter mudado e influenciado tantas pessoas, era difícil vermos uma sala lotada exibindo filmes brasileiros a 6/7 anos atrás, no mínimo. (Lógico que com algumas excelentes exceções como Carandiru ou Cidade de Deus.)
O fato é que Glauber Rocha trouxe o cinema novo e fez com que o povo brasileiro engolisse muita informação de uma só vez, e obviamente isso não deu certo. O que eu estou tentando dizer é que tudo foi genial, mas na visão de amantes do cinema. Para o grande público, tudo aquilo era confuso, apenas.
O cinema novo, o cinema de arte, o cinema francês... Tudo isso têm sem dúvida o meu amor e o meu afeto, mas precisamos também pensar que não é nenhum pecado querer ter um grande sucesso de bilheteria em seu currículo, afinal, amantes de cinema também precisam pagar suas contas.
Com a minha visão atual, estou aprendendo que podemos fazer tudo. Hoje, me pego completamente influenciado pela visão de Glauber. Estou vivendo a minha juventude plena e nesse momento me arrisco a encher meus filmes de arte.
Por fim, hoje sei quem é esse FANTÁSTICO homem que tanto fez pelos estudantes de cinema, que até hoje assistem aos seus filmes com os olhos fascinados e brilhantes, grudados na tela do começo ao fim. E por isso o admiro tanto.
Quem é que nunca sentiu amor e ódio por essa figura brasileira que tentou de todas as formas mudar o Mundo? Ame ou odeie Glauber Rocha, o fato é que suas obras ficarão para sempre em nossa cultura.
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